segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Conto de Dois Irmãos - Cap 14

Pouco tempo havia se passado.
Embora o tempo passe igual em todos os lugares do mundo ele também passa, de certa forma, diferente de cada um para cada um.
Nas Terras do Reino o tempo percorria sua trajetória de forma lenta, devagar. Se arrastava num marasmo intenso, como se teimasse em não sair do lugar. O tempo passa assim para aqueles que esperam ou para aqueles que perderam e, em PrideLands, aninhavam-se em conjunto ambos os sentimentos.
Às periferias do reino, as leoas aprumavam-se todas, passando a língua rapidamente por toda a extensão do peito e esfregando as patas pelo rosto. Era a estação da primavera, época do calor. Não no clima (este estava perfeitamente agradável), mas sim nas fêmeas. Em geral, grande parte das donzelas estavam aptas para acasalar nesta gloriosa época do ano, por isso, no primeiro raiar do sol primaveril, todas correram para as distantes fronteiras norte e sul do reino, de onde Priderock poderia perfeitamente ser vista, o que facilitava a vinda de leões nômades andarilhos para esses lados do reino.
Ahadi não havia se posicionado de forma negativa perante a situação e, quando confrontado, simplesmente concordou, desde que os forasteiros mantivessem distância de confrontos diretos com ele e de estadia no reino. O único macho aceito ali seria Abbas.
Outro decreto seria o exílio de filhotes machos quando estes atingissem a idade adulta, algo bem comum nos demais reinos. Portanto as leoas podias ter seus encontros sem medo...e não demorou para que os machos aparecessem atraídos pelo aroma agradável de fêmeas ovulando.
Em pouco tempo, várias fêmeas do reino, com exceção das mais velhas, estavam grávidas.
E em menos tempo ainda, o reino de Ahadi estava repleto de filhotinhos brincalhões e travessos.
.................................................
- Ahadi...
O leão abriu os olhos. Se encontrava num deserto escuro de areias acinzentadas. A lua cheia teimava em querer aparecer no céu, mas era sempre ocultada pelas nuvens trazidas do Sul por uma brisa gélida, semelhante àquela que ocorria no inverno.
Ahadi não sabia onde estava, sequer como havia parado ali. Começou a andar na direção do vento, não havia encontrado solução melhor. Tentou encontrar um aroma conhecido de Pridelands, mas as areias do deserto sequer possuíam algum cheiro.
Não havia caminhado muito quando tornou a escutar a mesma voz, sussurrando seu nome:
- Ahadi...Ahadi...
- Quem está aí? - o leão parou e rugiu
A poeira do deserto voava com a ventania que, subitamente, havia aumentado de intensidade. A juba vermelha de Ahadi voava bruscamente conforme o vento mudava anormalmente de direção. O rei sentiu um leve aperto no peito...conseguia sentir uma presença naquele lugar.
Das nuvens que cobriam o céu formavam-se relâmpagos, seguidos de estrondosos trovões que, aos ouvidos do rei de Pridelands, se assemelhavam muito a um rugido de leão. Agora, a poeira que se levantava com a extensa ventania era tão grande que impedia Ahadi de enxergar, obrigando-o a fechar os olhos para que sua visão não fosse danificada por um grão de areia caído em seu olho. Aos poucos, porém, o vento foi novamente se acalmando e, ao abrir novamente os olhos, Ahadi o viu. Sua imensa juba e seu olhar pesado pairavam sobre ele entre as nuvens, obrigando-o a balbuciar e fazer uma mesura exagerada:
- P-papai...
- Ahadi...
A voz de Dallas era grave e poderosa, que ecoava através das dunas do deserto. Por entre as nuvens, o Antigo Rei parecia possuir uma feição mais jovem e iluminada, mesmo com seu semblante sério habitual:
- Ahadi, meu filho...
O leão fixava seus olhos vermelho-sangue no céu que agora possuía a silhueta iluminada de seu pai. Não sabia como agir, tinha tantas coisas pra falar...mas nenhuma palavra conseguia sair da boca de Ahadi tamanho o seu espanto e admiração.
O espírito de Dallas emitiu um rugido e encarou seu filho novamente, recitando com sua poderosa voz:
- "Em nome dos Antigos Reis e dos Reis que estão por vir, do velho e do novo, do inverno à primavera, eu declaro, para todos que possam ouvir, em nome de meu poder sobre essas terras...sobre todas as Terras do meu Reino, declaro a união eterna..."
Ahadi arregalou os olhos, lembrava daquelas palavras. Lembrava claramente do dia em que fora prometido à Uru contra sua vontade. De repente, as nuvens no céu se uniram em espiral acima de Dallas e Ahadi, raios partiam o céu num brilho intenso e o vento, novamente, levantava a poeira das dunas arenosas do lugar:
- Resista...meu filho...
A poeira levantada era bem mais forte agora, formando uma tempestade de areia que vinha bem na direção de Ahadi. O rei não conseguia se mover, em choque. Pôde apenas fechar os olhos antes de abri-los novamente. Estava deitado imerso na escuridão vazia da caverna. Do lado de fora, porém, os fracos raios do sol que nascia tentavam entrar para dentro da gruta, sem sucesso.
Uma silhueta de leoa vinha em sua direção. Pelo cheiro o rei já sabia de quem se tratava:
- Ahadi.
- Uru...o que deseja?
A leoa bufou, revirando os olhos:
- Como pode estar dormindo a uma hora dessas? Não me diga que esqueceu o dia de hoje...
O rei tentou, meio zonzo de sono, exercitar seu cérebro e lembrar de algo importante, mas era realmente difícil de fazer isso quando se acaba de acordar. Principalmente depois de um sonho daqueles.
Uru rosnou bem baixinho:
- Hoje Tau e Mufasa completam 4 luas cheias...
Ahadi, então, se lembrou:
- Ah sim. A Cerimônia de Rafiki...
- Sim.
O leão suspirou:
- Acha mesmo necessário? Nunca nenhum rei fez isso nessas terras, mesmo quando eram divididas.
- Rafiki pode ser jovem, mas viajou por vários reinos. Não se lembra do que ele nos contou sobre o Reino Branco, bem aos pés do Monte Branco do Kilimanjaro?
Ahadi grunhiu:
- Sim...eu me lembro...
- Essa cerimônia trará paz e prosperidade ao futuro de nossos filhos. Os leões do Reino Branco são conhecidos por sua sabedoria e respeitados por toda a savana. Podemos até adotá-la como uma cerimônia oficial...
Ahadi mantinha os olhos fixos em outro canto da caverna, o que fez a rainha se irritar:
- Ahadi, você está prestando atenção?
- Sim Uru, vamos fazer a cerimônia...
- Então levante-se. O sol já nasceu e está quase em seu ponto fixo no céu. Todas as leoas já acordaram.
Ahadi bocejou, espreguiçou todo o corpo e saiu da caverna bem a tempo. O sol já iluminava a ponta de Priderock e todos os animais da savana já estavam reunidos ali graças às mensagens enviadas para eles através do vento por Rafiki.
Uru estava deitada na base da rocha principal, segurando Tau e Mufasa nas patas. Os filhotes, que já eram grandes o suficiente para caminhar e falar o básico, já haviam sido informados pela mãe de uma necessidade de comportamento naquela manhã.

Resultado de imagem para Mufasa and Taka presentation

O jovem Rafiki saiu do meio da multidão de animais, sob o olhar de Azali. Subiu até a pedra, cumprimentou Ahadi e foi até os filhotes reais, espalhando um sumo de fruta na testa de cada um enquanto orava pedindo a proteção dos Antigos Reis sobre eles. Após feita a oração, pegou os dois em suas mãos, mas Uru o interrompeu:
- A cerimônia não é para ser realizada apenas com o herdeiro do trono?
Rafiki virou-se para encarar a rainha:
- Sim, é sim majestade.
- Bom, nesse caso Mufasa pode ficar aqui. Realize a Apresentação Real apenas com Tau.
Rafiki olhou em volta, nervoso:
- Majestade, não acha que Ahadi ficará enfurecido com isso?
Uru bufou:
- Ele tem tanta dominância quanto eu tenho sobre este reino. Vá Rafiki, faça o que lhe pedi.
O mandril, nervoso, não soube o que fazer. Ahadi, de longe, percebeu a inquietação do xamã e veio em seu encalço:
- O que está havendo? Parece nervoso Rafiki, algo deu errado?
Rafiki lançou um olhar de repreensão à Uru, que se limitou a um rosnado baixo:
- Não, meu rei, está tudo bem. Apenas alguns desentendimentos...
- Entendo. Vá logo antes que passe muito tempo.
Rafiki caminhou com os dois pequenos até a ponta de Priderock e ergueu-os bem no alto. Os animais fizeram festa e se curvaram perante aos príncipes. O sol começava a iluminar a ponta da pedra neste momento, ficando bem em cima dos irmãos.
Após a cerimônia, Abbas foi até Ahadi. Os dois leões conversavam todos os dias e pareciam ser bastante íntimos. Ahadi parecia possuir um amigo de verdade, que realmente lhe desejava o bem:
- Vim parabenizar você, Ahadi, e à rainha Uru pela apresentação. Seus filhos são realmente ótimos príncipes.
Ahadi sorriu:
- Agradeço-lhe Abbas.
O leão reparou em Ahadi, ele não parecia muito tranquilo:
- O que houve majestade? Me parece meio transtornado...
- Oh, não se preocupe. É que, bem...eu gostaria de lhe fazer uma oferta que eu espero muito que aceite.
Abbas sorriu:
- Tudo pelo meu melhor amigo.
Ahadi agradeceu:
- Estou necessitando de patrulheiros para vigiarem as fronteiras do reino. Algumas leoas foram selecionadas mas quando elas entram em sua época de calor...sabe como é. Se distraem com qualquer macho desavisado. Então eu gostaria de oferecer a você o cargo de líder da patrulha. Eu costumava liderar eu mesmo, mas prefiro me dedicar mais aos meus filhos agora. Em breve já terão idade para as primeiras lições reais.
Abbas acenou com a cabeça:
- Aceito o cargo com prazer meu amigo mas...irá começar as lições reais tão cedo?
Ahadi lançou ao amigo um olhar preocupado:
- Sim. Preciso decidir logo qual será o mais apto para o trono pois me parece que Uru anda querendo, digamos, "sabotar" a escolha. Consigo perceber, embora ela ache que não.
Abbas revirou os olhos:
- Problemas com Uru novamente? Entendo...ela não me parece uma leoa fácil.
O rei suspirou, cansado:
- Você nem imagina amigo, nem imagina...
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OLÁ MEU POVO!
E então? Uru já demonstra sua clara preferência pelo filho de sangue, será que ela irá conseguir bajular Ahadi?
Abbas parece ter ganho uma posição importante no reino, além de ser o melhor amigo do rei. Como será isso na vida dele?
Muito obrigada por ler até aqui e não se esqueça de comentar (^_^)/

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA (isso é só um título chamativo)

OLÁ PESSOAS!
OLHA QUEM VOLTOU KKKK (Me mata)

Adivinhem quem sumiu?
Isso meeesmo, a PAN. A mesma Pan que voltou SÓ AGORA DEPOIS DE QUASE, SEI LÁ, UM ANO!
Já sei, já sei...querem motivos do meu sumiço não é mesmo?

1 - A depressão atacou forte, não conseguia fazer praticamente nada e dormia o dia inteiro para aliviar um pouco a dor...graças aos Antigos Reis o acompanhamento psicológico tem me ajudado muito e me trazido forças pra voltar a fazer o que eu gosto!

2 - Graças ao item listado acima, tenho ido de mal a pior na escola e estou vivendo, no momento, uma luta atrás do tempo perdido pra recuperar as notas e passar de ano.

3 - O computador pelo qual eu estava escrevendo resolveu parar de entrar na internet, para piorar minha situação kkkkk.

Pois é gente. Sem contar que, depois que minha crise melhorou um bocado, passei por um período em que comecei a achar que tudo o que eu fazia era errado e ruim. Eu escrevia um capítulo da história e depois o descartava achando que estava péssimo, tendo vergonha do meu próprio trabalho...
Ao desabafar isso pra minha namorada e pra minha melhor amiga, ambas me disseram que eu estava agindo totalmente errado. Eu até sabia disso, mas parecia que eu havia entrado num ciclo vicioso...é difícil explicar.
Maaassssssss....NÃO SE PREOCUPEM! Tudo está melhor, eu juro :-)
(Menos o computador, ele não está melhor não coitado. Estamos pensando até em chamar um técnico aqui em casa...)
Não sabem  como estou feliz de estar aqui escrevendo para vocês de novo. Eu estava realmente com saudades :')
Mas agora chega de falar de mim. E vocês? Ainda interessados na história? Kkkkk
Vou precisar reler alguns capítulos para lembrar onde foi que eu parei e voltar a escrever de novo '^^
Querem que eu volte?

Bom, como um pedido de desculpas vou deixar aqui o trecho de uma história que eu estava escrevendo em paralelo com a história original aqui do blog, antes dessa depressão louca me derrubar.
É meio que um yaoi sobre um artista falido meio despirocado da cabeça chamado Aidren e um homem estagiário (ainda vou decidir com o que ele trabalha e o nome dele kkk) que vive com a irmã mais velha, noivo de uma mulher meio paranoica e que considera sua vida como algo bem normal...até conhecer Aidren.
Eu escrevia ela e salvava como um rascunho aqui mesmo e nunca nem cheguei a mostrar à vocês até hoje. Espero que gostem e que isso sirva como um presentinho de desculpas :)
Ah, lembrando que quem narra a história é o personagem principal, o cara sem nome ^-^

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- Se pretende se matar, não tome apenas uma cartela inteira de Antidepressivo. Não vai surtir efeito.
Ele virou a cabeça bruscamente em minha direção, me encarando com os olhos assustados. Olhei para a cartela de remédios em sua mão e suspirei...já desconfiava que o resultado fosse ser esse desde que o vi totalmente bêbado pela manhã e, se eu o conhecia bem, iniciava-se ali mais uma sessão de mentiras:
- Aqui - estendi outra cartela de remédios em sua direção - Misture o Antidepressivo com Omeoprasol.
Ele olhou nervoso para a cartela e depois para mim, como uma criança que acabara de ser pega desrespeitando ordens:
- O que está fazendo? Como entrou aqui?
Apontei para a porta aberta do banheiro, dela escapava a música que vinha da sala misturada com o riso estridente de Johanna e dos outros:
- Se há uma regra que suicidas e crianças arteiras conhecem bem é a de sempre trancar a porta antes de fazer qualquer besteira. Não aprendeu ainda?
Ele não respondeu. Não era como se eu esperasse uma resposta, sabia bem suas intenções e suicídio com certeza não podia ser uma delas.
Coloquei a cartela de Omeoprasol em cima da bancada, ao lado de um copo cheio da Vodka que ele usara para se embriagar mais cedo e fui até o vaso sanitário, levantei a tampa e abaixei minhas calças, sentindo o olhar incrédulo dele pousar sobre mim:
- Não se sinta interrompido, pode continuar.
- Vai mesmo mijar enquanto tiro minha vida?
- Ora, que mais posso fazer?
Ele voltou a encarar o espelho com a expressão pesada enquanto destacava cada comprimido da cartela e os depositava ao lado dos antidepressivos na bancada. Enquanto vestia novamente as roupas de baixo, quase pude prever as palavras que ele diria a seguir:
- Apenas...não me interrompa...
Dei descarga e abaixei a tampa do vaso, sentindo meus ossos estalarem ao sentar em cima dela:
- Como posso interromper algo que você não pretende sequer começar?
Ele tirou os olhos do espelho e fixou-os em mim outra vez:
- O que quer dizer com isso? Está subestimando a mim ou o quê?
- Acalme-se, não estou subestimando ninguém - disse, erguendo minhas mãos - Só garanto que essa não é sua vontade. Você não quer tirar sua vida, Aidren.
- E ainda possui a audácia de achar que me conhece... - ele virou o corpo para mim, depositando a cartela de remédio na bancada. A trilha vermelha de cicatrizes horizontais em seu braço esquerdo estavam mais visíveis que nunca. Quando voltou a falar, sua voz arrastava e quase não pude entender o que dizia - O que pretende? Que eu concorde com você? Sim, você me conhece. Me conhece a ponto de saber de todas as minhas fraquezas. Me conhece a ponto de saber como usar cada uma delas contra mim e me conhece a ponto de tirar conclusões de o porquê eu ter vindo completamente bêbado a este banheiro com uma cartela de Antidepressivos na mão, não pensar em nada para me impedir e ainda me auxiliar a fazê-lo.
- Se você realmente quiser o suicídio não sou eu quem lhe fará mudar de ideia.
- Não. - ele se virou novamente para o espelho - Você era o único que poderia...mas agora já não mais.
Meu coração acelerou repentinamente ao vê-lo pegar a garrafa de Vodka e engolir três comprimidos de Antidepressivo sem muita dificuldade. Parte de mim sabia que eu deveria manter a calma, mas o resto apenas queria carregá-lo para longe de toda aquela insanidade...
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E aí? O que acharam?
O texto ainda tá meio cru, tenho muita coisa pra mudar nele ainda, mas o resultado final será algo parecido. Se quiserem acompanhar a história quando ela estiver pronta sintam-se à vontade para me pedir :)
Então é isso gente. Vocês se lembram quando eu disse que nunca abandonaria este blog? Pois é, eu não sou de descumprir promessas ^^
Muito obrigada por ler até aqui e não se esqueça de comentar (^_^)/