sábado, 25 de julho de 2015

O Início - Cap 6

- Quero todos os que habitam este reino, inclusive os filhotes, aqui, na minha frente!
Foi assim que a manhã seguinte começou. O sol ainda despontava ao Leste e todas as leoas já acordavam, sonolentas, com o chamado do Rei Dallas.
Kala estremeceu ao ouvir a voz poderosa do rei. Se lembrou das palavras de Ahadi na noite passada e se encolheu como uma bola. Nunca sentira tanto medo na vida.
Uru bocejava ao seu lado e se espantou com a expressão tensa da irmã:
- Kala, voce está bem?
Kala deu uma mexidinha no ombro para afastar a pata que a irmã tinha reposado lá, em sinal de conforto. Sabia que se contasse para Uru ela ficaria desesperada e daria soluções precipitadas, não tinha muita maturidade para lidar com isso. Kala teria de se virar sozinha até que a execução não fosse mais segredo:
- Sim Uru...está tudo bem...
Uru ficou com uma pulga atrás da orelha, mas assentiu:
- Tudo bem então. Acho que o Rei Dallas está nos chamando! Vamos ver o que ele tem pra falar agora... - Uru contorceu o focinho ao falar o nome do Rei.
Kala e Uru foram andando aonde as outras leoas se reuniam, Kala pensava em algum modo de escapar da execução, mas não sabia o que fazer. Estava desesperada.
Ao chegarem na Pedra do Rei, Dallas deu sua palavra:
- Eu tive um sonho...provavelmente os antigos reis estão se comunicando comigo. Sonhei que o céu de estrelas criava garras negras. A lua, tão bela e pura, criava caninos poderosos e tão brilhantes quanto o reflexo destas nos rios. O Sol demorava para chegar, mas quando deu o ar de sua graça, pereceu nas garras e presas da Noite, fazendo com que, assim, a Noite reinasse para sempre.
Quando ele terminou de falar, as leoas se entreolharam confusas. O que isso teria a ver com elas?
Dallas pigarreou, como que para soar mais formal e tênue, e continuou:
- Acredito que vocês não tenham compreendido o significado disto. Eu também não compreendi de certa forma, mas tive uma conversa com a leoa Azali esta manhã e ela me disse que, tal como o Sol, um rei está acima de todos e ilumina a todos os seus súditos com seu reinado, repleto de graça. Este sonho seria um aviso. O dia, que fora brutalmente assassinado pela fúria da noite, indica o meu reinado, que é cobiçado pelo mal! Tal como o Sol ilumina a Lua, gerando, assim, a noite, o mal que ameaça meu reinado é fruto de algo que fiz. Algo que eu próprio criei.
Kala começou a chorar. Sabia do que ele estava falando agora:
- Por isso, deduzi que Mohatu é o meu problema! Ele não está mais aqui, mas sua presença é marcada de certa forma: seus herdeiros. Eles ainda estão entre nós, e devo eliminar o mal pela raíz!
Uru assustou-se. Ele não estava pensando em matar a ela e sua irmã, estava?
- Peço que tragam até mim os filhos de Mohatu. Darei um jeito neles.
As leoas que pertenciam ao território do Sul entraram em desespero. Kala e Uru eram as únicas filhas de Mohatu e, por conta disso, as queridinhas do antigo reino. Não havia uma leoa sulista que não gostasse das princesas e agora este maldito nortenho chega, toma o lado de Mohatu no reino e ainda quer matar as princesas?
As leoas se puseram, imediatamente, em volta de Kala e Uru, para proteger as princesas, que estavam em pânico! Uru chorava desesperadamente enquanto abraçava-se a irmã. Vendo que as sulistas se recusavam em entregar as pequenas, as nortenhas vieram em favor de Dallas. Mandavam que elas obedecessem ao rei e brigavam com elas. Dallas, vendo que não seria fácil, desceu da Pedra e tentou põr ordem:
- Meninas, meninas! Quietas, todas voces!
As nortenhas recuaram e ficaram quietas, obedecendo ao rei, mas as sulistas se recusaram:
- Não vamos entregá-las, são apenas filhotes!
- Não irão te fazer mal algum...
- Por favor, piedade!
Dallas rugiu, interrompendo os gritos das leoas:
- Eu sou o rei de vocês agora, e devem fazer o que eu mandar! Me entreguem esses filhotes!
As leoas não se mexeram. O círculo estva fechado em torno de Kala e Uru, o que impedia Dallas de vê-las, ele apenas ouvia o choro baixinho das duas:
- Vou ter que apelar? Que seja!
Dallas se aproximou da primeira leoa que viu e deu-lhe uma patada bem forte na cabeça. Ela foi arremessada para o lado, com profundas marcas de suas garras no rosto.
Isso gerou espanto geral. Uma das leoas do grupo saiu correndo e deitou-se ao seu lado, tentando reanimá-la, todos olhavam para a leoa machucada, esperando que ela se levantasse. Mas ela não movia nem um músculo sequer:
- Acho que está morta. - falou Dallas, com desdém - Bati com força suficiente para matar.
A leoa que estava ao lado do corpo gritou e jogou-se sobre a leoa morta, incapaz de segurar a própria dor enquanto chorava. Era sua irmã a leoa que Dallas havia acabado de matar, sem dó ou piedade. Enquanto abraçava o corpo frio da irmã, sujava seu pelo dourado de sangue e xingava Dallas dos nomes mais horrendos possíveis, depois, as leoas nortenhas tiveram que intervir, para segurar e impedir que a pobre leoa avançasse contra Dallas, procurando vingar a irmã. O rei apenas a ignorou:
- Me netreguem esses filhotes, antes que mais cenas como essa se repitam!
As leoas não sabiam o que fazer. Estavam com medo! Não tinha como lutarem...Dallas era muito forte e tinha todo o Povo do Norte ao seu lado. O Sul não era tão populoso assim.
Se continuassem protegendo as princesas, Dallas estaria disposto a matar todas as leoas dali, uma por uma, até o círculo em volta das pequenas ser desfeito...não valia a pena.
Foi quando uma leoa, cabisbaixa, afastou-se do círculo. Relutantes, todas as outras, uma por vez, fizeram o mesmo até Uru e Kala não terem mais proteção alguma. As irmãs já não choravam mais, e se abraçavam como se aquilo fosse impedí-las de morrer, remiam de medo e soluçavam.
Dallas caminhou até elas. As leoas do Sul, com sentimento de culpa, desviavam o olhar de súplica que as princesas dirigiam a elas:
- Mohatu teve apenas duas filhas? - perguntou Dallas, incrédulo.
Nenhuma leoa ousou responder. Dallas perguntou outra vez, exigindo uma resposta, e uma das leoas sulistas disse: "Sim".
Ele avaliou as irmãs de cima a baixo. Kala estava tonta e sentia que ia desmaiar de nervoso. Uru sentia que queria chorar, mas já não haviam mais lágrimas. Até que Dallas cortou o silêncio:
- Qual de vocês se chama Uru?
Ele falou de forma tão repentina que assustou as pequenas. Uru se levantou e falou num fio de voz:
- Sou eu...
Dallas conteve um sorriso zombeteiro. Queria brincar um pouco:
- Acha que sou um péssimo rei agora, minha pequena notável?
O rei conhecia o jeito de Uru, sabia como tirá-la do sério. A leoa rosnou:
- Sim, acho! Estou de certa forma feliz por ter de morrer e nunca mais aturar você e sua família chata!!
Kala repreendeu Uru, enquanto Dallas soltava uma gargalhada de desdém:
- Você, Uru...pouparei sua vida. Tenho planos para você. Agora esta aqui - disse ele apontando sua garra para Kala - esta morre!
Dallas deu meia-volta, já ia partindo quando olhou por cima do ombro e, dirigindo-se à Kala, falou:
- Terá tempo para se despedir de quem quer que seja importante para você. A execução será amanhã, ao raiar do Sol, a hora em que o dia vence a noite! Com o extermínio da noite, o Sol e a manhã se reerguerão, assim como o rei e seu reinado se reerguem com o extermínio do mal!
Kala caiu em prantos outra vez. Uru tnão podia acreditar, mais uma vez Dallas mataria um alguém importante para ela. Se não fosse por Kala, Uru não sabia o que teria feito nesses últimos dias de dor e sofrimento e, agora, não podia imaginar como seria sem ela!
Antes que pudesse fazer qualquer coisa, Uru sentiu dentes agarrando-lhe pela pele do cangote. Ela viu-se sendo carregada para longe por alguém que ela não sabia quem era, até ser posta no chão outra vez. Ela olhou pra cima e viu Dallas, que apenas disse:
- Me encontre ao entardecer, na entrada da cova. Tenho algo para comunicar a você.
Uru nem teve tempo de dizer nada, o rei foi embora, trotando.
Kala tinha o rosto inchado de tanto chorar e veio atrás dela, choramingando:
- Uru...Ah Uru...
 Ela mal conseguia falar. Uru abraçou a irmã. Queria ter dito alguma coisa para confortar Kala, mas faltavam-lhe palavras. Não sabia quais palavras teriam o poder de tirar o medo do coração da irmã, então ficou em silêncio. Só um pouco mais tarde, ao refletir sobre o assunto, Uru concluiu que, naquela ocasião, nenhuma teria.
Ao entardecer, Uru se lembrou de seu encontro com Dallas na Caverna de PrideRock. Olhou para Kala, com quem havia passado o resto do dia, fazendo as coisas que as duas mais gostavam de fazer e lembrando da época em que se divertiam pelo reino com Mohatu, e inventou uma desculpa, afinal, sabia que a irmã não ia gostar de saber que andava tendo conversas com Dallas:
- Kala eu...já volto. Vou falar com Azali, perguntar pra ela sobre um sonho que eu tive.
Kala se levantou:
- Vou com você, não quero passar o meu último dia de vida sozinha.
- Não Kala, você passou o dia inteiro apenas comigo. Aproveite para se despedir das outras leoas também!
Kala suspirou, desanimada e deu meia volta em direção á Pedra onde as leoas costumavam pegar o Sol da tarde. Uru foi até a caverna e, ao chegar lá, encontrou Dallas e, sentado ao lado dele, Ahadi:
- Oh, se não é a nossa princesa! - disse Dallas, dando um sorriso falso.
Uru bufou:
- O que você quer?
- Vim aqui para falar com vocês dois, meu filho Ahadi e a filha de Mohatu, Uru.
Uru deu uma olhada rápida para Ahadi, mas ele resolveu olhar para ela também. Quando os olhares dos dois se encontraram, ambos desviaram ao mesmo tempo:
- Vou contar uma história para vocês - Dallas mantinha um sorriso bobo no rosto - Era uma vez dois reinos rivais. O Reino Norte e o Reino Sul.
Ahadi e Uru se sentaram, mantendo uma boa distância entre eles. Dallas continuou:
- O Rei do Norte possuía um herdeiro, um príncipe. Já o Rei do Sul, uma princesa.
"Se parece bastante com os nossos antigos Reinos divididos." Uru pensou:
- Um dia - continuou Dallas, soando mais sombrio do que antes - A princesa do Sul se perdeu no território Norte, e o príncipe do Norte a encontrou.
Uru deu uma olhadinha para Ahadi, tendo, agora, certeza de que Rei Dallas falava sobre os dois. Ahadi permaneceu imóvel. Parecia saber o que vinha a seguir.
- O príncipe do Norte sabia que seu pai, o Rei, faria de tudo para ter aquela princesa perdida nas garras. - Dallas ergueu uma das garras e passou, lenta e cuidadosamente no seu pescoço, fazendo um guincho com a boca - Porém, o príncipe, petulante, decidiu ajudar a pobre princesa, levando-a com segurança até a sua casa, no Sul. O que vocês, jovens leões, acham desse príncipe?
Uru demorou um pouco para perceber que Dallas dirigia a pergunta aos dois. Ela sabia que o Rei falava sobre ela e Ahadi, naquele dia em que se conheceram e se tornaram amigos...ou, pelo menos, era isso que Uru achava que eles haviam se tornado.
Ela não sabia o que dizer, portanto aquietou-se. Ahadi também não ousou falar. Vendo que os dois não responderiam, Dallas bufou e respondeu ele mesmo:
- Bem, já que não querem falar, eu respondo por voces: este príncipe é, nada mais, nada menos que um traidor!
Ahadi puxou ar, como se fosse falar algo, mas ao ver o olhar que o pai dirigia a ele, desistiu de dizer alguma coisa:
- Portanto, considerando o fato de que seu pai, o rei, não tolera traições, eu acho que este príncipe merece ser punido, não acham?
Ahadi levantou-se:
- Como o senhor ficou sabendo?
- Hora ou outra eu saberia, não acha?
- O que vai fazer comigo?
- Eu já estou chegando nesse ponto - Dallas deu uma risadinha e dirigiu-se a Ahadi - Sabe, já que gosta tanto da princesinha a ponto de trair seu próprio pai e ajudá-la a escapar, imagino que não terá problemas em aguentar ela durante o resto de sua vida, não é?
- O que você quer dizer com isso, pai?
Dallas suspirou, olhou para o céu e levantou a voz:
- Em nome dos Antigos Reis e dos Reis que estão por vir, do velho e do novo, do inverno à primavera, eu declaro, para todos que possam ouvir, em nome de meu poder sobre essas terras...sobre todas as Terras do meu Reino, declaro a união eterna de Ahadi e Uru!
O céu fechou acima do rei e dos filhotes, um vento forte começou a soprar, fazendo a espessa juba de Dallas dançar com a brisa. Ahadi e Uru não compreendiam o que estava acontecendo, não compreendiam o quão forte era o que Dallas fazia agora:
- Eu declaro e faço aqui meu juramento de união eterna, a todos vocês que me ouvem dos céus, juramento este que irá decorrer até o fim de suas miseráveis vidas!
Dallas havia feito um juramento aos Reis do Passado. Um tipo de juramento que não podia ser, de forma alguma, quebrado. Ahadi e Uru, agora, estavam para sempre destinados a viver em união, como um casal.
Ahadi não entendia, mas Uru, de repente, se lembrou. Kala já havia lhe contado sobre esse juramento, foi o mesmo juramento que seu pai, Mohatu, havia feito quando sua mãe morreu. Ele jurara nunca mais se unir a leoa alguma até o fim de sua vida. Ela entendeu e viu sua chance de salvar a vida da irmã. Ela pulou na frente do rei e gritou:
- Você preisa de mim para fazer esse juramento dar certo e castigar o seu filho, e eu digo que não irei fazer parte dele a menos que você poupe a vida da minha irmã!

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Capítulo meio grandinho pra compensar meu sumiço ^^
Digamos que não tive casa nessas férias, por isso tô sumida, Mas agora eu voltei :D
Dallas está fazendo um perigoso juramento aos Antigos Reis, para ter certeza de que Ahadi vai cumprir com seu castigo e se casar com Uru. No fim, eles, terminaram juntos, de qualquer maneira '^^
Mas agora veio Uru com a questão da irmã...será que Dallas vai concordar em deixar Kala viva? O que será que acontece á ele se ele disser "não"?
Obrigada por ler até aqui e não se esqueça de comentar :D


domingo, 12 de julho de 2015

O Início - Cap 5 + Obrigada :)

Depois de tanta festa e sofrimento misturados, todos foram se recolher. As leoas do Norte e Sul juntas geravam uma população enorme e não cabiam todas em uma só caverna. Dallas então agiu como um rei justo, deixando as leoas mais velhas e os filhotes dormirem dentro da caverna e o que sobrasse se acomodaria do lado de fora, porém ao chegarem Kala e Uru, Dallas barrou as duas da caverna, rosnando. As pequenas foram obrigadas a se acomodar do lado de fora. Sorte delas que a chuva havia parado, e as chances de pegar um resfriado, diminuído.
O príncipe Ahadi e seu irmãozinho foram convidados a entrar e dormir no conforto da caverna, junto de Safira. Os três eram os únicos filhotes do Norte, já que Dallas não permitia filhotes de outros leões em seu reino...
Kala e Uru se embolaram uma na outra, a fim de permanecerem quentes e imunes dos ventos frios e úmidos de verão, e foram tentando dormir. Ambas estavam arrasadas. Haviam perdido tudo o que tinham de mais precioso do dia para a noite, e foi com esse pensamento que Uru adormeceu.
Kala havia pego um sono bem leve, e acordou com um barulho de passos. Ergueu a cabeça lentamente. Quem podia ser a essa hora da noite?
Era perigoso até mesmo se mexer nessa ocasião, e se fosse um guepardo ou algo do tipo? Um predador de grande porte iria adorar um filhotinho dando sopa, mas Kala se levantou bem devagar e foi atrás do barulho, chegando até a pensar que poderia ser seu pai. Imaginando a maravilha que seria se Mohatu ainda estivesse vivo e logo ali, bem na sua frente, o barulho guiou Kala até a ponta de PrideRock e...decepção! Era a silhueta de Ahadi, iluminado apenas pela luz prata da Lua, se acomodando e sentando na ponta, olhando para o céu noturno. Kala se perguntava o que o filhote estaria procurando, já que o céu se encontrava nublado e sem nenhum vislumbre de estrelas. Apenas o brilho intenso da lua minguante era visível:
- Filha de Mohatu, aproxime-se. Não precisa ter medo de mim.
Kala se espantou:
- Como sabe que estou aqui?
- Senti seu cheiro. É o mesmo de Uru, só que um pouco mais puxado pro...digamos, "café-com-leite".
Kala abaixou a cabeça. Colocou o rabo entre as pernas para que seu cheiro fosse menos intenso e se aproximou, como quem se aproxima do Carrasco no dia da execução. Parou, ainda mantendo uma distância segura do príncipe e pensou sobre o que ele havia acabado de falar:
- Então, quer dizer que ainda se lembra de minha irmã...?
Ahadi virou-se para ela e a olhou nos olhos:
- Que quer dizer com isso? Claro que me lembro!
- Não foi isso que você deixou transparecer hoje, quando seu pai a feriu.
Ahadi deu um suspiro impaciente. Pareceu que ia falar alguma coisa, mas Kala foi mais rápida, já perdendo o suposto "medo" que tinha do filhote:
- Minha irmã gosta muito de você e eu tenho a leve impressão de que você já percebeu isso...por favor, só peço que tente ser mais compreensivo... - Ahadi a cortou no meio da frase:
- Compreensivo? Ela estava desafiando o rei! Ninguém mandou ser tão tola! Ela teve o que mereceu!
Kala abriu a boca e puxou o ar, mas desisitu de falar qualquer coisa. Ahadi a encarava, esperando sua próxima frase. Seus olhos vermelhos brilhando na escuridão da noite sem estrelas. A leoa abaixou as orelhas: "Ele está certo.", pensou:
- Agora, não foi pra discutir isso que eu a chamei aqui.
Kala ergueu as orelhas outra vez. Ahadi se virou e caminhou até que ficasse bem perto da leoa, seu focinho estava a poucos centímetros do dela e ele sussurrou:
- Me escute, se eu conheço meu pai, ele não irá tolerar filhos de outros reis aqui, neste reino. Ele estará contando os minutos para matar você e sua irmã. Eu peço que tomem cuidado se quiserem viver.
A pequena contraiu os músculos. Se sentia tonta e levemente enjoada:
- C-como eu faço? O que preciso fazer?
Ahadi suspirou e se afastou um pouco:
- Eu não sei. Talvez não tenha como escapar. Eu sinto muito.
Kala sentia o coração acelerar cada vez mais. Nada mais justo que perder a vida após assistir a tudo o que ela um dia amou se dissipar bem na frente de seus olhos. Se sentia um lixo e, por isso, quando ela sentiu um rosnado vir no fundo da garganta, ela não o reprimiu. Deixou sair, até que se transformou num rugido que assustou até a Ahadi. Era a primeira vez que Kala rugia. Nem sua irmã mais velha sabia rugir assim. Kala sentia suas patas tremerem e seus batimentos cardíacos ressoarem na sua cabeça. Se sentiu bem melhor depois disso, era como se tivesse tirado um peso enorme das costas, mas ainda não tinha liberado toda a raiva:
- Se não há como escapar, por que me contou isso então? Sente prazer ao ver os outros com medo? Qual é a sua?
Agora, o filhote parecia abismado. Sentia o coração pesar a cada lágrima que Kala deixava escapar. Sentia que parte do que ela havia dito era sim verdade. Sentia que mal conhecia a si mesmo direito. Queria dizer algo para confortar Kala, mas a pequena já havia corrido dele.
Ahadi voltou a encarar o céu e sentiu uma lágrima escorrer de seu olho esquerdo:
"Por que será que todos tem tanto medo de mim? Nunca é minha intenção assustar a ninguém! Eu só queria ajudar!"
 O príncipe se permitiu chorar. Não se lembrava da última vez que isso havia ocorrido, mas isso não importava agora. Naquele momento, queria apenas curtir seu sofrimento em paz...

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Olá gente ^^
Um capítulo meio curto e um pouquinho melodramático e mais voltado para a "primaira impressão" de Kala com relação a Ahadi, mas eu precisava de um pouco de drama hoje kkkkk. Adoro escrever coisas tristes ^^
Deu pra perceber que Ahadi é meio conturbado...ele tem boas intenções, mas elas sempre são mal-interpretadas pelos outros. Todos parecem temer a ele...menos Uru, que foi a única até hoje que, com sua inocência, conseguiu ver seu lado bom de cara! Será que Ahadi vai se esforçar mais para ter seu lado bom ressaltado ou vai seguir pelo caminho mais fácil e se tornar malvado logo, assim como, supostamente, é o seu pai?
Já Kala parece ser uma leoa mais dramática que sua irmã e, mesmo que não deixe transparecer muito, guarda muita mágoa e rancor. Agora ela está mais com raiva da morte do que com medo. Como será que ela e Uru vão se livrar dessa?
Queria, especialmente hoje, agradecer a todos vocês que estão lendo e acompanhando o meu blog :D
Já temos 6 seguidores! Olha só!!!!
Pra mim, isso é pouco e muito ao mesmo tempo! É pouco porque, óbvio, eu e minha ambição (ambição saudável, óbvio kkkk) sempre vou querer mais! E muito porque...bem, isso pra mim significa muito! É muito legal criar um blog e acompanhar o crescimento dele!!!! E saber que tem gente que gosta de ler o que eu escrevo é muito maneiro kkk
Até a próxima gente, e muito obrigada por ler até aqui ;D

segunda-feira, 6 de julho de 2015

O início - Cap 4

Uru estava inquieta na caverna. Já era noite, todas as leoas dormiam lá dentro e seu pai ainda não tinha voltado. O clima estava chuvoso, muito frio. Em noites assim Uru estava acostumada a, junto com sua irmã, enrodilhar-se perto de seu pai, recebendo calor dele...mas onde ele estava?
Era o que Uru perguntava a Kala de cinco em cinco segundos:
- Kala! Kala! - chamava sacudindo a sonolenta irmã:
- Que é Uru?
- Cadê o papai?
Kala suspirava, impaciente:
- Mana quantas vezes terei que te dizer? Papai vai voltar logo! Ele foi se reunir com Rei Dallas, do Lado Norte, para resolver coisas chatas de adultos, é normal que demore um pouco...
Uru gemeu baixinho e se enrolou ao lado de Kala, mal haviam se passado 3 minutos quando uma leoa do reino entrou na caverna, toda molhada de chuva, e gritou para chamar a atenção de todas as leoas presentes:
- Prestem atenção! Rei Dallas, do Lado Norte, está aqui...
As leoas a encararam, esperando por mais explicações, mas a leoa apenas fez um sinal com a cauda para que a seguissem e saiu rumo à tempestade.
Pouco a pouco as leoas foram se levantando e indo para fora. Uru se levantou:
- Vamos Kala, talvez papai esteja com ele.
Kala se levantou vagarosamente e foi com a irmã para a Pedra do Rei. Lá elas viram as leoas reunidas em cima, na ponta da Pedra, tendo uma visão privilegiada de todo o reino. As pequenas conseguiram passar por debaixo das patas das leoas e ficar bem na pontinha e na frente de todas, para poder ver melhor.
Elas observaram, lentamente, o Rei Dallas se aproximar. Ao lado dele vinham sua esposa Almasi e seus filhos, Ahadi e Edan.
Uru sorriu ao ver Ahadi, estava mais impotente do que nunca e Uru gostava disso nele...
- Uru, achou o papai?
Uru se desligou de Ahadi e balançou a cabeça, sinalizando um "não".
De repente, mais e mais vultos foram surgindo atrás da família Real do Norte, eram todas as leoas do reino de Dallas. As leoas do Sul, no topo de PrideRock, mal acreditavam e comentavam entre si:
- O que essas nortistas estão fazendo aqui?
- Não sei
- O que querem conosco?
- Não sabia que as leoas do Norte eram tantas...
Kala e Uru ouviam tudo quietas, apenas procurando pelo pai, até que uma das leoas perguntou:
- Onde está Rei Mohatu?
Não obteve respostas.
E, nesse momento, Uru ouviu Azali, a leoa mais velha e sábia do reino, pensar alto, baixinho:
- Espero que não tenha acontecido a Mohatu o que eu estou pensando...
Ninguém ouviu seu comentário, apenas Uru, que cutucou sua pata chamando-a:
- Azali, o que você está pensando que aconteceu com o papai?
Azali a olhou, com uma expressão pesada e balançou a cabeça devagar, desviando o olhar de Uru.
Uru então concluiu que boa coisa não era.
Quando esta se deu conta, todas as leoas do Reino de Dallas estavam lá, e nenhum sinal de Mohatu. As leoas chegaram no território de PrideRock e ficaram paradas, lá embaixo, olhando para o alto da Pedra enquanto a família Real de Dallas subia. As leoas do Sul, lá em cima, entraram em desespero, não sabiam se ficavam lá esperando por eles ou se desciam. A maior parte das leoas desceu e uma pequena parte ficou lá em cima da Pedra, incluindo Uru e Kala, que planejavam perguntar para Dallas o paradeiro de Mohatu.
Quando Dallas e sua família chegaram lá em cima o Rei não quis saber, rugiu ferozmente para todas as leoas, exigindo que descessem imediatamente. As leoas entraram em pânico e desceram. Enquanto Dallas era grosseiro, Uru apenas encarava Ahadi, esperando que ele, como seu amigo, fizesse algo, mas Ahadi ignorava tudo, como se aquilo que seu pai fazia fosse o certo.
Indignada, Uru decidiu que perguntaria por seu pai para Dallas de qualquer jeito. Kala, já na descida da caverna, chamava inutilmente pela irmã. Uru se dirigiu á Dallas:
- Ei, Rei Dallas, aonde está meu pai, Mohatu?
Dallas olhou para Uru, que o fitava  com uma expressão assustada. O Rei rugiu na cara da princesa:
- Vá lá pra baixo, junto as outras, seu vermezinho!
Uru rosnou irritada. Kala, escondida entre as pedras, chamava por Uru, mas não obtia resposta. A leoazinha, respondona, falou:
- Você acha que o que você está fazendo agora é correto? Você deve ser um péssimo rei!
Dallas, impaciente, deu uma patada de leve em Uru, que rolou pra perto de Kala. Ainda estirada no chão, Uru olhou para Ahadi achando que seria defendida ou, ao menos, ajudada por ele, mas o filhote a olhou de soslaio, mostrando indiferença como se nunca tivessem se conhecido.
Uru deixou uma lágrima escorrer mas não sabia ao certo se chorava de vergonha, raiva ou de decepção. Kala ajudou a irmã a se levantar e as duas desceram da Pedra do Rei.
Já lá embaixo, as pequenas se direcionaram ao grupo das leoas do Sul, que mantiveram certa distância das leoas do Norte. Uru esfregava a pata na bochecha, tinha se machucado bastante. A chuva que caía lavava o sangue do seu arranhão:
- Você está bem, mana?
Uru sorriu, gostava quando Kala se preocupava com ela:
- Estou sim, é só um machucado de nada. Logo vai sarar.
- Você sabe que não é disso que estou perguntando...estou falando de Ahadi. Eu sei o quanto você gostava dele...
Uru cortou a frase da irmã, furiosa:
- Cale a boca! Eu não gostava dele. Ele é um idiota!
Kala decidiu não perguntar mais nada. Ela e sua irmã se dirigiram para a frente de duas leoas, bem na frente do grupo. Foi quando elas avistaram Dallas subir na ponta de PrideRock e começar a falar:
- Minhas amigas, me sinto honrado em falar que, de agora em diante, os dois lados deste Orgulho estarão unidos para sempre. Não exisitará mais o Lado Norte e o Lado Sul...e o Rei de todas estas terras serei EU!!!
As leoas Nortistas comemoraram...já as Sulistas estavam confusas. Não sabiam o que acontecia, "Por que Dallas reinará e não Mohatu?"
Em meio aos rugidos das leoas do Norte, Dallas olhou para as leoas do Sul e gargalhou perante a confusão delas. Ele gritou embora sua voz fosse quase inaudível no meio de tantos rugidos:
- Não entenderam?? Pois eu lhes digo: EU MATEI MOHATU! ELE ESTÁ MORTO!
Kala e Uru entraram em choque. Custaram a acreditar. As leoas todas se surpreenderam e a leoa que estava atrás de Uru abraçou a pequena, bem forte enquanto ela chorava. Uru e a leoa não se conheciam direito, mas ela devia saber a dor que a filhotinha estava sentindo.
A pequena princesa chorou tanto que a cabeça latejava de dor. Com o rosto encharcado de chuva e lágrimas, ela ergueu o olhar para a Pedra do Rei. Parecia um pesadelo, Dallas rugia e logo ao seu lado estava Ahadi. O príncipe a fitava e era difícil entender sua expressão. Parecia cansado, mas Uru logo percebeu (talvez tivesse sido a única a perceber) o seu verdadeiro sentir. Estava desanimado, olhando fixo para a pequena...compaixão. Mesmo que mínima, mesmo que reprimida, ela existia bem ali, dentro dos seus olhos tão intimidadores. Logo, tudo ao redor pareceu ficar mais quieto, Uru pôde notar, em cada foco de luz de seus olhos, em cada gota de chuva que escorria de sua pequena juba molhada, em cada movimento ao seu redor...tudo parecia mais leve. Ainda chorava, mas agora não com o mesmo pavor de antes. Sentia que, além de sua irmã, tinha alguém ali com ela. Alguém que, mesmo distante, a entendia. Ela não sabia, talvez pudesse ser apenas sua mente pregando peças, mas ela também não se importava. Queria acreditar que tudo aquilo pudesse ser real. Queria acreditar que perdera alguma coisa para ganhar outra, embora soubesse, lá no fundo, que a vida não funcionava desse jeito
Naquele instante, dois filhotes se encaravam, e Uru pôde sentir que voltara a acreditar na bondade do príncipe Ahadi.
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Olá pessoas ^^
Agora PrideLands se tornou uma só...mas garanto que não do jeito que vocês esperavam não é? Kkkkk
Uru está tão triste pela morte do pai...mas agora ela acha que Ahadi está sentido por ela. E aí? O que vocês acham? Acham que Uru está apenas imaginando coisas ou que realmente Ahadi é bonzinho? Comentem o que acharam :)
Obrigada por ler até aqui e espero que tenham gostado! Fui!!!! ^^